sábado, 30 de maio de 2009

Ginkgo Biloba


Ginkgo Biloba Tem Poder...

*Publicada pela Editora Abril - Revista Saúde
Nome Científico: Ginkgo biloba L.Nome popular: Nogueira-do-japão Origem: Extremo OrienteAspecto: As folhas se dispõem em leque e são semelhantes ao trevo. A altura da árvore pode chegar a 40 metros. O fruto lembra uma ameixa e contém uma noz que pode ser assada e comida
Pesquisas alimentam a esperança de que a planta do Oriente previna (e ataque) tumores no ovário, na mama, no cérebro e no fígado. Com o seu extrato por perto, as células malignas se autodestroem
por Duda Teixeira design Thiago Lyra foto Dercílio

A ginkgo biloba foi a primeira planta a brotar após a destruição provocada pela bomba atômica na cidade de Hiroshima, no Japão

A ginkgo já é famosa por suas façanhas. O extrato obtido de suas folhas comprovadamente reduz as tonturas, refresca a memória, alivia as dores nas pernas e nos braços e acaba com o zumbido no ouvido. Por tudo isso ela arrebanhou uma vasta clientela, composta na maior parte por idosos. Mas suspeita-se que o poder dessa planta de folhas de formato de leque vá além. Estudos realizados em laboratório e com seres humanos sugerem sua capacidade de prevenir e atacar tumores — mais um importante item que se acrescenta ao seu currículo.
Uma das pesquisas que obtiveram resultados mais estrondosos foi concluída no final do ano passado. Ao todo, 1 388 mulheres foram acompanhadas por seis meses. Todas relataram tomar algum tipo de remédio fitoterápico — equinácea, ervade- são-joão, ginseng e ginkgo. As que ingeriram esta última diariamente tiveram uma incidência 60% menor de tumores de ovário. Para entender o que estava ocorrendo, os surpresos cientistas levaram a ginkgo para dentro do laboratório. Lá misturaram o extrato da planta a culturas de células de ovário cancerosas.

Bastou uma pequena dose para que o crescimento delas fosse reduzido em 80%.


ESTUDO PIONEIRO Foi a primeira vez que se vislumbrou uma relação entre a ginkgo e o combate ao câncer de ovário. "Como o nosso estudo é pioneiro, as conclusões precisam ser confirmadas por novos trabalhos", disse à SAÚDE! Daniel Cramer, diretor de Obstetrícia e Ginecologia Epidemiológica do Brigham and Women's Hospital, ligado à Escola Médica Harvard, nos Estados Unidos. "Até que outras investigações sejam feitas, acredito que mulheres com mais de 50 anos e histórico familiar de câncer de ovário deveriam considerar tomar ginkgo", diz ele.
Quando se fala em tumores em geral, o relatório de Cramer não é tão inovador assim.

Mais de 50 estudos sobre ginkgo e câncer já foram catalogados. Em 2002 uma pesquisa conduzida pelo grego Vassilios Papadopoulos mostrou em laboratório e em testes clínicos que a ginkgo inibe o crescimento agressivo de tumores de mama. Também existem trabalhos sobre câncer cerebral e de fígado. "Essa já não é uma área de pesquisa em sua infância", diz Nise Yamaguchi, pesquisadora da USP e vice- presidente do Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer, em São Paulo. "Já existem muitos estudos consistentes. E com conclusões parecidas."
A maneira como a ginkgo e seus componentes agem em escala celular ainda não foi totalmente decifrada, mas há algumas hipóteses. "Talvez a planta esteja envolvida com a habilidade do organismo de causar apoptose, a morte programada de células defeituosas", diz Cramer (veja infográfico na próxima página). Outras estratégias descritas em diferentes trabalhos são sua habilidade para inibir os vasos que alimentam o câncer e sua capacidade de evitar danos ao DNA. Esses efeitos são obtidos por meio da ação de duas substâncias, os terpenóides e os bioflavonóides. Os primeiros viraram objeto de estudo mais recentemente. Os bioflavonóides, contudo, são conhecidos de longa data. Agem como antioxidantes, combatendo os radicais livres e impedindo o envelhecimento. Ambos fazem parte do mesmo extrato, o EGb 761 — matéria-prima dos comprimidos vendidos em farmácias.
O comprimido de ginkgo biloba desencadeia diversas reações que vão desde os pés até os ouvidos. Os vasos sangüíneos se dilatam e o sangue fica menos viscoso (mais "fino", como se diz). Assim, corre mais rápido, com mais facilidade, e alcança melhor os lugares mais distantes do coração. O labirinto, estrutura que pertence ao ouvido, passa a ser mais bem irrigado e oxigenado, o que ajuda a acabar com tonturas e zumbidos. As áreas do cérebro responsáveis pela memória e pelo raciocínio ficam mais despertas. O fluxo mais intenso também acaba com as dores nos braços e nas pernas, comuns na terceira idade. "A ginkgo produz muitos resultados e por isso divide com a ervade- são-joão o título de planta mais estudada na atualidade", afirma João Batista Calixto, professor de farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e autoridade brasileira em medicamentos fitoterápicos.
Entre todas as benesses creditadas à planta, uma passou a ser questionada recentemente. É a que se refere à contribuição da ginkgo aos pacientes com Alzheimer. "Possivelmente o benefício seja alcançado apenas se a droga for utilizada de forma preventiva, anos antes do início da doença", diz Orestes Forlenza, psiquiatra e pesquisador do Laboratório de Neurociências da Universidade de São Paulo. "Os estudos clínicos da ginkgo para o tratamento de demências não demonstraram vantagens consistentes, possivelmente porque já era tarde demais e o tamanho do efeito era muito pequeno para modificar o curso clínico", explica o pesquisador, que fez uma revisão da literatura médica sobre o assunto.
São raros os casos de efeitos colaterais advindos da ingestão de ginkgo, mas não se pode ignorá-los. O remédio possui tarja vermelha e só pode ser vendido com receita médica (a dose máxima recomendada é de 240 mg/dia). Esse cuidado existe porque, ao dilatar os vasos sangüíneos, a ginkgo pode provocar enxaqueca e aumentar a sensibilidade da pele, causando alergias. Esse problema é maior nas cápsulas de pó macerado e nas folhas para chá, vendidas em lojas de produtos naturais. Além de ter a eficiência questionada (veja o quadro na próxima página), elas possuem grandes quantidades de um ácido capaz de irritar a pele. Ao afinar o sangue, a planta também pode causar sangramentos (antes de submeter um paciente a cirurgia, os médicos costumam pedir que cesse a ingestão do comprimido). Na bula do medicamento há ainda advertências com relação a distúrbios gastrointestinas e queda de pressão arterial. "A ginkgo é uma planta segura, mas deve ser usada com cautela", resume o americano Daniel Cramer.

MORTE PROGRAMADA
Na presença da ginkgo, as células malignas se autodestroem
1 - PROCESSO NORMAL Quando alguma célula se danifica, sofre radiação ou infecção, o organismo envia uma ordem para que ela se autodestrua. Esse processo é chamado de apoptose.
2 - CÉLULAS TUMORAIS De vez em quando surgem células malignas que podem se multiplicar desordenadamente. O corpo manda a mesma ordem de implosão, mas elas não obedecem.
3 - COM GINKGO Na presença da ginkgo, as células tumorais ficam menos "teimosas". Quando amensagem chega, a célula pode ter a membrana rompida. Os restos são comidospor fagócitos, defensores do corpo.

O QUE JÁ SE COMPROVOU? Dos muitos benefícios atribuídos à ginkgo, alguns foram validados pela literatura científica e outros, desacreditados.

ZUMBIDOS NO OUVIDO E TONTURA
São os principais chamarizes da planta. Ao aumentar a circulação no labirinto, estrutura interna do ouvido, a ginkgo diminui zumbidos e melhora a sensação de equilíbrio.
DORES EM BRAÇOS E PERNAS
Os benefícios do extrato para a circulação se refletem na melhor irrigação das áreas mais distantes do coração, o que alivia as dores nos membros.
ENVELHECIMENTO
Seus bioflavonóides são antioxidantes que combatem os radicais livres e evitam danos às células, acumulados com a idade.
CÂNCER DE OVÁRIO
Um estudo publicado em outubro de 2005 mostrou que a incidência desses tumores diminuiu entre 60% e 70% nas mulheres que ingeriram comprimidos com extrato de ginkgo.
CÂNCER DE MAMA
Testes preliminares em laboratórios e estudos clínicos publicados em 2002 indicaram que o extrato das folhas pode inibir a proliferação agressiva de tumores de mama.
MEMÓRIA
A Organização Mundial da Saúde considera que a ginkgo melhora a capacidade de memória e de aprendizado, mas estudos recentes começam a pôr em dúvida se o efeito persiste no longo prazo.
ALZHEIMER
A ginkgo já foi aprovada em alguns países para ajudar na prevenção dessa doença. Contudo, novos testes não mostraram benefícios consistentes quando o mal já está instalado.

ALENTO EM CHERNOBYL. Em 1986 a usina nuclear de Chernobyl, na então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sofreu uma forte explosão de vapor seguida de incêndio. Mais de 200 mil pessoas tiveram de ser transferidas para evitar os efeitos da radiação. Um estudo publicado em 1995 ministrou extrato de ginkgo para 30 trabalhadores que estavam na área do acidente. Por dois meses eles tomaram três comprimidos de 40 mg. Ao final, a ginkgo reduziu os efeitos colaterais provocados pelas radiações excessivas e diminuiu o número de porções alteradas no DNA desses homens.


PRODUÇÃO GLOBAL. O extrato usado nos comprimidos viaja pelo mundo antes de chegar às prateleiras das farmácias. Em geral, as árvores são cultivadas na região de Bordeaux, na França, e na Carolina do Sul, nos Estados Unidos — tidas como as mais adequadas para o cultivo da planta. Depois de colhidas, as folhas são enviadas à Irlanda para serem extraídas. Em seguida a matéria-prima é exportada para vários países (o Brasil é um deles) onde os comprimidos são feitos e embalados.


DÁ PARA CONFIAR?Nas farmácias brasileiras, os comprimidos de extrato de ginkgo vendidos só com receita médica competem com cápsulas de pó moído e folhas, em embalagens expostas nas prateleiras ao alcance do consumidor. Muita gente relata efeitos benéficos advindos dessas fórmulas alternativas. Mas seriam elas tão eficazes quanto os comprimidos? A resposta é não. Pesquisadores da UFSC fizeram testes para saber quanto tem de componentes do extrato EGb 761 nessas cápsulas e nas folhas da planta. Conclusão: para obter a mesma quantidade de um único comprimido de 120 mg seriam necessárias 20 cápsulas de 200 mg de pó moído. Quanto ao chá, a eficácia depende da qualidade da matéria-prima. "Mas seria preciso ingerir grande quantidade, já que os teores das substâncias ativas no chá caseiro são baixos", afirma Cláudia Simões, autora do trabalho e pesquisadora da UFSC. "A proporção ideal só é obtida com os extratos secos padronizados."
produção Lívia Badan/Tenman-Ya

MAS...

Como diz o ditado: A diferença entre remédio e veneno é só a dose!

"Ginko biloba pode causar danos aos rins e convulsões


O uso indiscriminado do fitoterápico ginkgo biloba, indicado para melhorar a memória e o desempenho cognitivo em idosos, pode causar efeitos colaterais sérios, danos hepáticos, pedras na vesícula, além de sangramentos e convulsões. O alerta é de Décio Alves, presidente da regional carioca da Sociedade Brasileira de Fitomedicina. Segundo ele, o ginko só deve ser usado com indicação e acompanhamento médico.

Alves diz que, a cada semestre de uso contínuo, é recomendável interromper a medicação por um ou dois meses. "É importante essa parada estratégica para não sobrecarregar os rins e o fígado."

De acordo com o médico, o extrato da planta tem ação antioxidante e aumenta a microcirculação sangüínea no cérebro. É indicado para reduzir os efeitos degenerativos do envelhecimento normal, além de poder combater a labirintite e o zumbido no ouvido.

Mas ele reforça que o medicamento só deve ser usado por pessoas que já apresentem déficit cognitivo. "Ele não tem efeito preventivo. Não adianta os mais jovens tomarem que não haverá resultado", afirma.

Outro cuidado é na compra. O paciente deve observar na caixa ou na bula a composição, que, para os efeitos terapêuticos desejados, precisa ter 24% de princípio ativo (gincosídeos). O uso na forma de folha -para chá, por exemplo: não teria efeito nem contra-indicação.

É favorável o uso do ginkgo biloba pelos efeitos antioxidantes. "É a mesma coisa da vitamina C e E. Desde que sob orientação médica, não há problemas na indicação"

sábado, 3 de maio de 2008

Júlio Sebastião - Dagorda Julho de 91





Esta foto tem mais de 13 anos e traz-me uma carrada de memórias. O Júlio Sebastião olhava para o meu bloco de notas que eu escrevinhava com o nervosismo de um estagiário. Foi num corte de estradas dos agricultores do Oeste, na Dagorda, perto de Óbidos e já não me lembro quem tirou a fotografia. O Júlio era uma figura. Uma vez ofereceu-me a mim e ao Pedro Cunha duas caixas de pêra rocha. Chamavam-lhe o Che Guevara do Bombarral. Onde quer que estejas Júlio, à tua saúde! A noite mais longa da Dagorda

Memórias da Dagorda, Julho de 91:

Há um filme com Matt Dillon a passar no ecrã a cores da taberna do Eusébio, na Dagorda, perto de Óbidos, onde pela terceira noite consecutiva os agricultores não deixam circular o tráfego automóvel. Em cima da TV, uma ventoinha roda lentamente da esquerda para a direita. Ao fundo, alinham-se garrafas de Macieira e Aguardente velha. A animação na sala da taberna, bem na esquina do cruzamento da Dagorda, gira em torno da velha cabine de madeira onde durante todo o dia de quarta-feira foi possível ver a figura atarracada do carismático Júlio Sebastião a atender chamadas após chamadas.
“Estou? Posto Público da Dagorda, quem fala?” Muitas vezes, na confusão dos inúmeros depoimentos, já não se sabe com quem está a falar. “Quem era?”, perguntam-lhe. “Eh pá, já nem sei, era de um jornal qualquer”. Júlio é visto a falar com a mesma convicção com o gabinete do ministro ou com um jornalista de uma rádio local.
À noite, em círculos bem determinados, longe dos tractores e dos agricultores, habitantes da Dagorda dão largas à sua indignação. “Esse barbas, esse cabecilha que aí anda, ele é o culpado disto tudo...atão há lá direito de não deixarem saír uma camioneta cheia de gasolina. O homem ‘teve aí desde segunda-feira sem poder passar”.
Outro comenta: “há-de valer-lhes de muito. O ministro alguma vez vinha à Dagorda? Primeiro era preciso descobrir onde isto fica no mapa”. O corte de carvalhos e plátanos para barrar a estrada não foi do seu agrado. “Cortaram uma árvore com 200 anos, atão há lá direito? Botavam lá umas pedras...”
Para os habitantes da Dagorda, o bloqueio da estrada representou um corte radical com a rotina diária. “Onde é que começa a guerra?”, perguntava alegremente um grupo de rapazes que passava o enorme carvalho a barrar a estrada do lado de Óbidos.
Alguns agricultores, estirados à porta das casas ou encostados aos tractores, apresentavam cansaço e desânimo. “Estamos saturados e lamentamos a maneira como sempre o governo nos trata nestas coisas”, afirmava um agricultor que pediu o anonimato. “O governo quando entrou para a UE devia ter alertado os agricultores”.
Por volta da meia noite, Júlio Sebastião dirige-se ao microfone do velho peugeot cinzento dos altifalantes e pede ânimo aos agricultores. “Esta noite, vai ser a mais longa da minha vida. A minha voz está a ficar cansada mas espero que ainda dê para amanhã (ontem) nas negociações de Lisboa. Muito obrigado e boa noite a todos”.
Na taberna do senhor Eusébio, que só encerrará lá para as quatro da manhã, o movimento não para. Os proprietários, que já tinham o estabelecimento encerrado desde domingo para gozo de férias, viram-se compelidos a reabri-lo. Os agricultores obrigaram-nos a abrir o café?, perguntamos. “Não”, responde a proprietária, debruçada no parapeito da janela onde lhe pedem constantemente copos de vinho e cervejas. “Só nos disseram: Têm de abrir que a gente está a morrer de sede. A gente abriu.”
Na televisão do estabelecimento, o “24 horas” mostra um mapa de Portugal com os pontos onde as estradas estão cortadas. A sala enche-se, Júlio Sebastião pede silêncio. Há em todos uma alegria mal contida.
Correm rumores, mais uma vez, de que a polícia de intervenção teria sido avistada junto ao cruzamento de Óbidos. Outros contam que nove jeeps da GNR teriam sido vistos a atravessar as Caldas da Rainha. Outros ainda falam em cortar a estrada nacional Lisboa-Porto. Como sempre, estes rumores carecem de confirmação.
“Isto é melhor do que ir ao cinema, pode crer” afirma um bem disposto observador, habitante na povoação, sentado na mesa do canto da taberna.
Os agricultores juntam-se perto dos transístores, para ouvirem as notícias sobre outros cortes de estrada pelo país. “Ouvimos agora que cortaram a estrada em Santo Tirso e em Famalicão”, diz alguém ao microfone. Suados, extenuados, muitas vezes de garrafa na mão, esforçando-se para se manter acordados na terceira noite de bloqueio, alguns agricultores dão largas ao seu descontentamento. “Ao menos que peguem numa metralhadora e matem a gente duma vez. É melhor do que andarem a matar a gente a pouco e pouco”.
Junta-se um grupo de três homens do campo. “É gasóleo, é juros, é o preço que baixa no produtor para subir no consumidor, é uma vergonha”, lamentam. Falam-nos do leite que é vendido a 47,50 pelo produtor e é vendido nas lojas a 140. Queixam-se da fruta que vendem a 35 e é vendida a 150. “Quem lucra? É o agricultor? E isto passa-se no leite, na carne, na fruta”.
Enquanto se esvazia um garrafão de vinho, fala-se dos jovens agricultores. “Um moço que eu conheço”, recorda um lavrador do Bombarral, “com 22 anos, deu-lhe a vergonha e matou-se. Devia 4 ou 5 mil contos à cooperativa, comprou sacas e sacas de batata, o ano correu-lhe mal, matou-se. E como esse já ouvi falar de outros”, afirma um agricultor do Bombarral. “Eu votei PSD mas digo-lhe que assim não vou votar e como eu, os outros quase todos. Estamos desiludidos”
Pelas duas da manhã, vêem-se agricultores adormecidos em cima do volante dos tractores. Outros dormem envoltos em mantas, dentro de automoveis. Júlio Sebastião ausenta-se, “para dormitar”. A madrugada fria cai sobre o cruzamento da Dagorda e a rua esvazia-se.
De manhã, ainda Sebastião não voltou do banho retemperador que foi tomar a casa, um círculo de lavradores, boné na cabeça, braços cruzados, entretem-se a prognosticar o que se vai passar na reunião com o ministro. “Se eles voltam de mãos vazias é que é o diabo”. Mais tarde, um jovial Júlio Sebastião declarava antes de partir para Lisboa “estar muito esperançado de que tudo iria correr bem”. Mal sabia ele, que voltaria mesmo à Dagorda “de mãos vazias”.

Noticia Original, está no Blog: http://estradasperdidas.blogspot.com/2004/10/jlio-sebastio-dagorda-julho-de-91.html

domingo, 27 de abril de 2008

Obidos, Uma vila Unica...

Veja alguns videos da vila de Obidos:




É assim o dia a dia da vila de Obidos...



Caldas da Rainha, fica a 10 km



A 18 km Peniche

Vila de Obidos, Fica a 3Km

Alguns versos Populares...

Óbidos, Pátria Amada, de arrifes é rodeada, de mais de mil patifes é habitada, aqueles de calça pingada, que andam por ai na dependura, ainda me vão roubar os ossos quando estiver na sepultura...( Padre Malhão)

sábado, 26 de abril de 2008

Dagorda: Maria Grasiela"Zelinha"...

Dagorda tão presenteira, pequena e hospitaleira, parece que Deus te guia, és a terra onde trabalho é de toda agente o ganho do pão nosso de cada dia.
O maior encanto teu, será! Trabalhar com mais ardor viver da nossa amizade dispensado a caridade de um Portugal Maior.

Dagorda meu berço, terra onde nasci, foste o meu berço lá tenho o meu e a companheira.

Sinos repicando as avé marias, o povo rezando, todos espalhando suas alegrias, nesta terra verdejante, amar Deus e o trabalho, tem aqui outro sabor, a respiração dominante de um pensamento constate por um Portugal Maior.

Alumia a candeia que me quero ir deitar,
A morgadinha á beira do mar só têm inveja do nosso cantar.

Sem torcida sem azeite como hei-de alumiar.
A morgadinha á beira do mar só têm inveja do nosso cantar.

Cortejo de Oferenda(em Obidos)
Minha Mãe, quem é aquele pregado naquela cruz.

A Mãe disse: aquele é Jesus, a santa imagem dele

O Miudo: e quem é Jesus.

Mae: é deus

Miudo: e quem é Deus.

Mãe: é quem nos cria e nos dá a luz do dia, e veio ensinar a gente que todos somos irmãos, e devemos dar as maõs uns aos outros irmãmente. todo o amor toda a bondade, e morreu para mostar que a gente pela verdade, nos devemos deixar matar.

Oração Antiga...

Versos do Trabalhador...do Fló...

Mal rompe a madrugada
ponho ao ombro a minha enchada
e vou para o campo trabalhar
é assim a minha vida.
porque gosto desta vida
e nunca a poderei deixar.

Sempre, sempre a trabalhar
é assim o nosso viver
se não podemos ganhar
já não temos que comer.

À quem diga por supor
que um pobre trabalhor
é rude não sabe nada
é uma ideia embrutesida
por somente leva a vida
a puxar pela enchada.

sabemos compreender que é bonito
saber ler é bom ser educado
a sorte é ke nos ilude
não tem nada o homem ser rude
para ser um homem honrado.

Estes versos são de Floriano Leal Ribeiro, " Fló".